11.02.2015 – 21.03.2015
Sempre achei que tivesse uma certa dose de maluco. Tive essa confirmação quando, há cinco anos, resolvi mergulhar de cabeça e começar uma nova jornada na minha vida como galerista.
Abri a PORTAS VILASECA GALERIA com a exposição “Registro de Ocorrência” após ter sofrido um assalto na Linha Vermelha (Rio de Janeiro) que quase levou a minha vida. Na época, resolvi reunir um grupo de artistas e propor o tema “violência”, que foi representado por pinturas, esculturas e desenhos. Um deles, inclusive pertence à minha coleção particular — um cigarro enrolado em papel de jornal com o titulo “Baseado em Fatos Reais”, de Cadu Toledo.
Lembro de assinar, naquela ocasião, minha primeira curadoria pela galeria. Impossível esquecer o belo ensaio crítico assinado por Daniela Labra que começava com a frase: “Perdeu playboy”. Anos depois, descobri que não tinha perdido nada. Pelo contrário, eu acabara de ganhar um nome, uma identidade, um lugar que pudesse chamar de meu. Quero dizer, nosso! Trata-se de um espaço aberto para novas possibilidades e experimentações – sempre de portas abertas.
Com o passar dos anos, pude compreender cada vez mais o que estava fazendo. Afinal, ser galerista não é uma jornada assim tão fácil. Temos que tomar muitas decisões que, no início, não poderia sequer imaginar. Foi um caminho sem volta!
Nesse pequeno espaço de 30m2 convivi com pessoas especiais que pintaram, opinaram, construíram, destruíram, reconstruíram e que, até hoje, me possibilitam continuar sonhando. Hoje percebo que juntos fizemos desse pequeno espaço um “pequeno grande espaço”.
PRA COMEÇAR é uma exposição que me remete à abertura da galeria. A celebração pelo fato de estar vivo e com um grande desafio pela frente.
Nessa mostra apresento trabalhos de nove artistas representados pela galeria: ANA HUPE apresenta o registro de sua performance na forma de tríptico fotográfico reverberando sua vivência na residência artística La Ene (Buenos Aires). Este trabalho foi anteriormente exposto na mostra “Virei Viral”, no CCBB (Rio de Janeiro); CLAUDIA HERSZ lançando seu olhar crítico às atrocidades conduzidas por Mao Tsé-Tung durante a Revolução Cultural Chinesa, desdobra a peça premiada no 17o Salão UNAMA de Pequenos Formatos — “Broken China”, em singular instalação; DANIEL MURGEL traz a experiência única de se observar o díptico composto por desenho aquarelado (projeto) e escultura (execução do projeto); GABRIEL SECCHIN expõe a terceira pintura de sua série dedicada aos profetas bíblicos. Temos o diálogo de Jonas com um ser alienígena; ÍRIS HELENA exibe conjunto de 24 fotografias impressas sobre recibos em papel termo-sensível, em alusão à Brasília; LIN LIMA ocupa a galeria com instalação feita de borrachas e fragmentos de grafite de lápis, na qual discute a perenidade da arte e do fazer artístico; o duo MAÍRA DAS NEVES & PEDRO VICTOR BRANDÃO, detentor do prêmio de melhor stand/exposição na última edição da ArtRio, mostra uma foto-pintura realizada na Alemanha e outra no Brasil, parte do projeto “Depois da Fonte”; e RAMONN VIEITEZ que vem se notabilizando como retratista, teve uma pintura enigmática escolhida para a mostra.
por Jaime Portas Vilaseca
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SERVIÇO
PRA COMEÇAR
Período da exposição: De 11 de fevereiro a 21 de março de 2015
Horários: de terça a sexta, das 11:00 às 19:00, sábados, das 11:00 às 14:00
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