Representado pela Portas Vilaseca Galeria, o artista Rafael Baron apresenta novos trabalhos em sua primeira exposição individual fora do Brasil, em cartaz no espaço “The Cabin”, na cidade de Los Angeles (EUA).
A mostra “Entitled” reúne a produção mais recente em pintura do artista de Nova Iguaçu e é parte do projeto “Wish You Were Here”, uma série de exposições de artistas que, em virtude da pandemia da COVID-19, não puderam participar presencialmente do programa de residências “The La Brea Studio”, associado ao espaço “The Cabin”. A exposição segue até 30 de abril. Mais informações em: www.thecabinla.com
Galeria de Fotos
Texto crítico
por Raphael Fonseca
A pintura é a linguagem pela qual transita Rafael Baron. Desde seus primeiros trabalhos ainda muito jovem, era a pintura figurativa que o interessava; há muitas formas para fazê-la, mas Baron decidiu criar séries que dialogam de frente com tradições da pintura de retrato – o enfoque é muitas vezes dado a uma única figura humana que, assim como em uma fotografia, fita o espectador.
Quando observamos um conjunto significativo de suas imagens, identificamos semelhanças nesses rostos, expressões e na forma como seus corpos se apresentam; suas séries se transformam em uma espécie de galeria de retratos e esses corpos representados parecem ter algum grau de parentesco. Para além das imagens, há um dado que talvez contribua com esse parentesco entre as figuras: os nomes próprios atribuídos pelo artista – nessa exposição vemos Janine, Jamal e o cachorro Rockwell. A mesma família? A mesma geração? Parentes distantes? Cada pessoa é convidada a ligar – ou não – esses pontos. Até que ponto essas imagens foram feitas à semelhança de pessoas específicas?
Recentemente, Baron começou a se interessar por criar também imagens de grandes grupos – algumas delas, como em “Clã”, se apresentam como um enfileirar de rostos que ocupa todos os espaços da tela, ao passo que em outras como “Iguaçuanas” e “Dandaras”, vemos um maior equilíbrio entre número de pessoas e composição. Da mesma forma que esses grupos reforçam uma identidade coletiva, eles também nos convidam a observar as diferenças raciais, de gênero, de cabelos, joias e vestimentas desses corpos – o que une e separa essas pequenas aglomerações?
É no jogo entre a ficção da pose e a presença carnal dessas figuras, além do movimento pendular entre uma pintura que deseja imitar o corpo humano, mas ao mesmo tempo se rende à criação de padrões abstratos, que a pesquisa de Rafael Baron tem se movimentado. Como representar o corpo humano e ao mesmo tempo convidar o público a observá-lo rodeado de mistério?