
No próximo dia 13 de novembro, a Portas Vilaseca inaugura Fogo Corredor, exposição coletiva que reúne 20 artistas de diferentes gerações e linguagens, marcando o encerramento da programação de 2025. Com curadoria de Lucas Albuquerque, a mostra apresenta artistas representados pela galeria e convidados de diversas regiões do país, incluindo Guerreiro do Divino Amor, Rayana Rayo, Thiago Martins de Melo, entre outros.
Em uma expografia provocante, Fogo Corredor nasce da reflexão em torno de histórias populares e encantarias associadas ao fogo. É o caso da lenda que dá título à mostra: um ser sobrenatural feito de fogo, integrante de crenças populares do Norte e Nordeste do Brasil, cujas narrativas o associam a almas de pessoas mortas que retornam para assustar, queimar ou perseguir suas vítimas.
Por vezes ligado às florestas e, em outras, às pequenas cidades, esse ente não é uma aparição solitária — conectando-se a outros seres sobrenaturais de diferentes culturas, como o Hitodama no Japão, o fogo-fátuo britânico, a Helena grega ou, no próprio Brasil, a Mãe D’ouro. Preservando suas singularidades e vínculos com contextos e tempos distintos, essas narrativas são tratadas como lastros de saber popular, acionadas para pensar as relações entre vida, morte e sobrevivência espectral, conduzindo o visitante a uma experiência poética e meditativa.
Dividida em dois andares, a mostra propõe dois percursos expositivos que se complementam.
O térreo agrupa trabalhos que sugerem ou derivam de relações com o sagrado, seja ele de ordem profana ou não. André Griffo, Thiago Martins de Melo e Manuela Costa Lima abordam as conotações ora punitivas, ora purificadoras do fogo em tradições cristãs e pagãs, enquanto Paloma Bosquê, Ayla Tavares e Alex Cerveny propõem narrativas em torno de rituais, seres fantásticos e deambulações sincréticas, explorando as formas e materialidades de seus trabalhos.
No terceiro andar da galeria, as narrativas fantasmagóricas do fogo aparecem como elemento pop, apresentadas em obras que o tratam como pastiche, derivação ou virtualidade. O grupo reúne artistas como Guerreiro do Divino Amor, biarritzzz e Randolpho Lamonier, em cujos trabalhos o fogo se manifesta em narrativas que entrelaçam história e política, evocando sujeitos historicamente localizáveis — vivos ou mortos. Já Mateus Moreira e Luiza Lukah mergulham em fabulações sobre seres incandescentes.
Em uma proposição que combina arte, história popular, literatura e ficção, o curador fluminense Lucas Albuquerque sugere uma narrativa sobrenatural, na qual cada obra atua como uma entidade de uma história compartilhada: “Conduzido nos fios de ficção de vinte artistas – por vezes ancorados em ecos da realidade, principalmente nas obras de maior teor político – Fogo Corredor apresenta dois pequenos universos cósmicos, tramados entre a força vital do artista e a espiritual daqueles que são convocados e/ou imaginados”.
Serviço
FOGO CORREDOR
Curadoria: Lucas Albuquerque
Artistas: Alex Cerveny, Amorí, André Griffo, Antônio Pichillá, Arthur Palhano, Ayla Tavares, biarritzzz, Chachá Barja, Guerreiro do Divino Amor, Gustavo Dióneges, Julia Aragão, Kika Carvalho, Luiza Lukah, Manuela Costa Lima, Mateus Moreira, Paloma Bosquê, Randolpho Lamonier, Rayana Rayo, Thiago Martins de Melo, Zé Carlos Garcia
Período da exposição: 13.11.2025 – 10.01.2026
Abertura: 13.11, 19h00 – 22h00
Local: Portas Vilaseca – Rua Dona Mariana, 137 – casa 2 – Botafogo – 22280-020 Rio de Janeiro, RJ.
Horário de visitação: de 3ª a 6ª, das 11h às 19h; aos sábados, das 11h às 17h.
Entrada gratuita
Imagem em destaque
THIAGO MARTINS DE MELO
Esqueleto do Diabo – homenagem a Héctor Escobar Gutiérrez, 2024
Série: Chama Negra
Óleo sobre juta e bordado em fio de juta
168 x 108.5 cm | 66 x 42 1/2 in




